quarta-feira, 3 de abril de 2013

Fashion lover




Nos últimos meses decidi conduzir um projeto novo, inesperado, mas que considero satisfatório. Sou uma pessoa que, não apenas pela influência da minha formação profissional, mas também pelo que me foi induzido ao longo da minha educação, procura assimilar todas as experiências vividas como fundamentais para o crescimento pessoal. Esta foi mais uma, sem dúvida.
Sempre estive completamente ligada ao mundo da moda, acompanho as tendências, colecções das grandes casas, últimas notícias, deliro com alta costura, e invisto no meu estilo pessoal porque, simplesmente gosto. 
Desde pequena que, nos meus traços de prazer pela organização, me lembro de decidir cuidadosamente as roupas certas para cada barbie que tinha, seleccionar os sapatinhos adequados e adaptar ao contexto que tomava o rumo da brincadeira, quase que, brincando aos crescidos e acabando por usufruir desta "brincadeira" em crescida...
No entanto, nunca pensei em aderir a um projeto de moda sem ser como consumidora.
Comecei por pensar produzir peças básicas, para um abrangente universo feminino e que fossem facilmente adaptadas a qualquer contexto, e cujo preço fosse acessível, tendo em conta a situação atual do país, que não facilita investimentos em algo que não seja prioritário. 
A ideia inicial, era diversificar a Loja Paez Madeira, que poderia apresentar produtos além do produto base, a alpargata Paez, já divulgada na região. No entanto, surgiu um convite da agência de moda 4affection, para apresentar as peças num evento de caridade, onde muitos estilistas apresentariam suas colecções, bem como lojas, inclusive a Paez. Aceitei, e além de estar extremamente bem organizado, adorei a iniciativa da agência e a capacidade e vontade de promover os recursos regionais e de reforçar a moda madeirense.
Nunca investi em formação como designer de moda, apesar de perceber facilmente o meu interesse nesta área. A apresentação da colecção correu muito bem, o feedback foi muito positivo, e adorei a experiência. Aprendi imenso e encontrei variados detalhes e aspetos a corrigir e aperfeiçoar. Passou tudo tão rápido e vivi todos os segundos com enorme entusiasmo... a projecção das roupas, o processo de criação, a ligação e adaptação ao evento, o contato com outros profissionais, a definição dos coordenados e preparação prévia da passagem, também juntamente com as manequins, o backstage (confuso... mas ao mesmo tempo provocando uma sensação de controlo e realização), e principalmente, a companhia, incentivo e apoio das pessoas que me são próximas, e que confiam em mim sempre que procuro arriscar a criatividade em algo que não é o meu habitual comum.  
No entanto, de personalidade sou perfeccionista, e é algo que se mantém na minha família... com diferentes nuances, claro... Costumamos dizer que os Gomes da Silva têm feitio competitivo... e temos! mas de uma forma saudável, de exigência ao próprio e quando essa dedicação se justifica, principalmente porque não somos desistentes em nada do que fazemos, e não costumamos fazer pelo mínimo esforço e sem alcançar visíveis resultados. Portanto, e porque de perfeccionismo falo, tenho claramente dificuldade em esforçar-me por metade, e gosto de executar as coisas com o máximo de precisão e aprofunda-las até o necessário. O que acontece quando se inicia um novo projecto, de exigente atividade, no meio de uma vida profissional já movimentada, é que para não ficarmos pela metade, acabamos por ter de tomar decisões. 
Ultimamente têm-me questionado sobre a continuidade nesta área, por isso decidi apresentar a minha reflexão aqui no marcador.
A minha decisão é flexibilizar, pois tenho de considerar o que o meio e o mundo da moda me poderiam dar, bem como, o que eu teria de investir, numa fase inicial e numa altura difícil para o país como esta, que claramente condiciona este mercado.
E flexibilizar será: garantir o produto, ou seja, poderei fazer roupa por encomenda, como me tenho mantido a fazer, irei vender algumas peças básicas na loja, mas não vou aprofundar o que, num mundo mais acessível e sem os condicionantes que referi, gostaria realmente de fazer.
A roupa por encomenda, permite-me explorar os interesses do cliente, apresentar as minhas sugestões e adaptá-las a quem o solicita. E o mais gratificante é saber que podemos criar algo para um momento específico, em que a auto-estima do cliente também é reforçada externamente.
Psicóloga clínica de formação e de paixão :) continuo com outros interesses insaciáveis, dos quais a moda é claramente um, mas deixo-o exclusivo para mim, e se for preciso também os partilho, basta pedir :).

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